Criada em 2015 em Portugal, o Climáximo é uma organização de ativistas climáticos, alinhada com o Ambientalismo Radical e baseada no princípio da Desobediência Civil. Entendendo que as lideranças políticas e econômicas não estão dispostas a criar medidas que reduzam drasticamente o investimento na exploração de combustíveis fósseis para frear a crise climática, o Climáximo considera que tornou-se imperativo efetuar ações diretas para combater a inação climática dos governos e empresas, que seguem indiferentes e em total descompasso com a realidade do Estado de Emergência Climática planetária que ora nos encontramos.
Desde o dia 22 de abril, onze membros do coletivo estão sendo julgados, acusados de desobediência civil e de interrupção da circulação automotiva, por terem bloqueado o trânsito por uma hora em uma avenida em Lisboa, em dezembro do 2023, portando uma faixa com os dizeres “Os governos e as empresas declararam guerra à sociedade e ao planeta”. Se condenados, poderão ser presos com um ano de detenção.
Além dos aparelhos ideológicos que incessantemente desqualificam o Ambientalismo Radical e demonizam sua tática de luta política, os aparelhos repressivos de Estado também estão em pleno funcionamento, enquadrando os ativistas climáticos como ‘desviantes da ordem’, punindo-os exemplarmente por perturbarem a rotina urbana.
Aceita-se passivamente que os extremos climáticos perturbem a ordem pública com furacões e ciclones, enchentes e inundações; mas não se permite que manifestações políticas perturbem essa mesma ordem pública com protestos que interrompam pedagogicamente a rotina das pessoas que ainda não compreenderam a severidade da crise climática. Com esta contradição, entendemos que a Sociedade Disciplinar, para manter a ordem social e econômica intacta, na verdade impede que medidas efetivas sejam realmente tomadas para que se mude o sistema, e não o clima.
Compartilhando a convicção da urgência em responsabilizar os tomadores de decisão que dispõem agora de apenas dois anos para evitar um cenário de instabilidade climática que pode ser devastador, viemos à público manifestar nossa solidariedade incondicional àqueles que ousam desafiar a ordem social e econômica injusta e ecocida, e não aceitam nem as falsas soluções climáticas, nem a normalização da crise climática.