Pesquisador americano analisa doutrina ideológica que une “gurus” de governos do Brasil, EUA e RússiaFonte: Agência Pública Resumo: Segundo Benjamin Teitelbaum, da Universidade do Colorado, Olavo de Carvalho, no Brasil, Aleksandr Dugin, na Rússia, e Steve Bannon, nos EUA, são adeptos do tradicionalismo, “a completa rejeição política, ideológica e espiritual do status quo”Por Ciro Barros Há um paralelo a ser feito entre os governos de Rússia, Estados Unidos e Brasil, segundo o pesquisador Benjamin Teitelbaum, professor assistente da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Os três governos são influenciados e abrigam quadros políticos ligados a três intelectuais que exercem influência externa nas instituições governamentais: Steve Bannon, nos EUA; Aleksandr Dugin, na Rússia, e Olavo de Carvalho, no Brasil. Há ainda, de acordo com Teitelbaum, apesar de terem atuações e métodos distintos, uma linha em comum entre esses pensadores, que foram entrevistados no livro: os três são influenciados por uma tradição intelectual chamada tradicionalismo. É o que ele argumenta em seu novo livro War for eternity: inside Bannon’s far-right circle of global power brokers (“Guerra pela eternidade: dentro do círculo de influenciadores políticos globais de Bannon”, numa tradução livre) — lançado em abril, ainda não há uma tradução brasileira. O tradicionalismo, segundo Teitelbaum, é uma doutrina complexa que reúne princípios em comum. Um de seus pilares é um olhar crítico à modernidade, no sentido dado ao termo por historiadores e cientistas sociais, como um período histórico e método de organização da vida social que incluem traços como o declínio da influência religiosa nas instituições diante da razão e à ciência, o declínio do simbolismo e da espiritualidade ante o materialismo, a organização social e política em torno de agrupamentos cada vez maiores, como Estados nacionais e, posteriormente, organizações supranacionais (batizadas de “globalistas”), o que leva, no olhar dos tradicionalistas, a uma padronização da vida social. Há, também, a crença de que a história corre de maneira cíclica e de que é necessário engajar-se numa “batalha espiritual” para restaurar os valores morais da sociedade, já que vivemos em um tempo de declínio moral. Em seu livro, o pesquisador se debruça sobre a interpretação própria que esses ideólogos dos governos de Brasil, Rússia e Estados Unidos fizeram do tradicionalismo. Teitelbaum aponta filósofos esotéricos como o francês René Guénon e o italiano Julius Évola como grandes estruturadores do tradicionalismo, mas realça que nem todos os personagens de seu livro professam a doutrina integralmente (Olavo, por exemplo, critica a visão cíclica da história). Esses princípios, no entanto, podem assumir diferentes identidades como discurso político nos dias de hoje. A doutrina foi adotada, por exemplo, por influenciadores de políticos europeus que se opõem firmemente à imigração de refugiados à Europa, como é o caso do historiador húngaro Gábor Vona, que até 2018 foi o principal ideólogo do Jobbik, partido de extrema direita europeu que está à direita do atual primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. Mas também, segundo Teitelbaum, o tradicionalismo pode ser “anticapitalista, por exemplo, e pode ser anticristão. Condena o Estado nacional como uma construção modernista e celebra aspectos do Islã e do Oriente de maneira geral. Soa de direita?”, pergunta Teitelbaum em seu livro. Na entrevista a seguir, realizada por email, ele analisa a influência de Olavo nos ministérios da Educação e das Relações Exteriores, a relação entre o chamado populismo de direita e o tradicionalismo e alerta para a oportunidade trazida pela Covid-19 para seus ideólogos engajarem-se no combate às instituições supranacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS). Como você define o Tradicionalismo? Tradicionalismo é uma desconhecida, complicada e estranha escola filosófica e espiritual que praticamente não tinha qualquer influência na política até recentemente. Ela ensina que há muito tempo existia uma religião autêntica cujas verdades foram perdidas gradualmente na humanidade e que agora existe somente em fragmentos espalhados entre algumas tradições religiosas. Tradicionalistas tentam entender o que essa verdade perdida era, e o fazem tanto pelo estudo de religião comparada, e pela participação e conversão em práticas religiosas disponíveis ainda hoje, especialmente o islamismo sufista, hinduísmo, e às vezes a cristandade ortodoxa ou o catolicismo. Mas os Tradicionalistas tendem a considerar todas essas religiões como caminhos imperfeitos. Elas são apenas as melhores opções disponíveis. E como ela se relaciona com a política? Para entender o que essa doutrina tem a ver com a política em geral e com a direita política em particular, considere o que ela afirma sobre a noção moderna de “progresso.” A história, para a maioria dos Tradicionalistas, se constitui de um declínio e as instituições que nós temos disponíveis hoje são fracas e estão se enfraquecendo. A única forma de experimentar a virtude é entrar em contato com o passado. Fortuitamente, para os Tradicionalistas, eles pensam que é possível apenas fazer isto: inspirando-se no hinduísmo, eles acreditam num tempo cíclico e não linear, especialmente que sociedades atravessam quatro Eras distintas movendo-se de uma Era de Ouro, para uma de Prata, de Bronze, e para uma Sombria, antes de completar o ciclo voltando à Era de Ouro novamente. Isso significa, não apenas que o passado, o presente, e o futuro desenrolam-se juntos nesta visão de mundo, mas também que o declínio que eles veem na sociedade guarda uma promessa de renovação — o quão pior as coisas cheguem, o mais próximos estamos do fim da Era Sombria e do princípio da Era de Ouro. Por que esses ideólogos tradicionalistas como Bannon, Dugin e Olavo de Carvalho, que pregam uma doutrina ideológica tão única e até isolada, ganharam tamanha influência em países relevantes no cenário geopolítico internacional como EUA, Rússia e Brasil? Eles simplesmente ofereceram um bom discurso político-eleitoral? Essa é a questão-chave do meu livro, é a principal reflexão que tento trazer aos leitores. É uma questão, no entanto, de que eu me aproximo e me afasto com mais curiosidade do que tiro conclusões. Uma coisa de que tenho certeza é que essas figuras não foram atraídas pelo tradicionalismo porque pensaram que poderia trazer apelo de massa. O tradicionalismo é estranho, alienante, radical e elitista. É tudo que alguém que queira conseguir apoio social mais amplo quer evitar. Mas, mesmo que eu não ache que funcione como ferramenta de autopromoção pública, o papel [do tradicionalismo] como motivação das ações desses ideólogos é impressionante. Permanece como uma questão para mim mesmo se suas ações [Dugin, Bannon e Olavo] se alinham a outros populistas na extrema direita porque elas [as ações] nos mostram que essas figuras, em particular, nunca estiveram interessadas em ser meros populistas. Em vez disso, eles se veem como seguidores de uma obscura doutrina esotérica. Por quê? Especulo que o que o tradicionalismo lhes oferece é uma completa rejeição ideológica e espiritual do status quo. Tradicionalistas se definem como antimodernistas, em vez de esquerdistas ou direitistas, e isso é uma afirmação que os coloca além das fronteiras de praticamente todas as ideologias políticas contemporâneas que nós discutimos: liberalismo, conservadorismo, comunismo, mesmo o nazismo ou fascismo, que eram muito modernistas à própria maneira. Quando nós consideramos isso, que a adoção deles ao tradicionalismo – mesmo que pareça dissimulado, mesmo que a ideologia em si seja tão difusa e pouco clara a ponto de ser praticamente sem sentido para guiar políticas públicas –, envia uma mensagem clara da intenção deles: significa que eles, paradoxalmente, querem algo completamente novo, algo radicalmente diferente do que nós esperamos da política. Um otimista diria que isso estabelece as condições para a inovação; um pessimista, um caminho para a imprudência e a destruição. No seu livro, você argumenta que Steve Bannon e Olavo de Carvalho compartilham uma interpretação do tradicionalismo. Ambos defendem que a população camponesa, rural, e mesmo a população mais pobre e não escolarizada nas cidades – o “Brasil profundo” de Olavo de Carvalho (ou “A América de verdade”, no caso de Bannon) – são guardiões de alguns dos valores do tradicionalismo, como uma vida orientada pela religião e o patriotismo. Você diz que Olavo e Bannon veem essa parte da população como “guardiões do espírito”. Você acha que essa visão de mundo pode resultar em políticas públicas que vão contra o Estado laico? Para onde você acha que essa ideologia pode guiar Brasil e Estados Unidos no futuro? Historicamente, visões de mundo similares a essa – o nacionalismo romântico na Europa em particular – sofreram porque o “povo” que estava sendo idealizado raramente era quem os ideólogos da elite urbana pensavam. As vidas dessas pessoas nem sempre eram tão diferentes dos modos de vida “modernos”, como pintores e poetas imaginaram, por exemplo. E daí nasceu uma estética baseada em idealizações do povo em vez das pessoas como elas realmente são – é uma encarnação artística e conservadora do que também aconteceu com os revolucionários marxistas procurando por um proletariado que não existia em lugar nenhum. Forma-se um problema teórico disso tudo, mas me parece que a ideia reversa [a essa idealização] é mais incendiária: correspondendo a essa idealização dessa versão do “povo”, nós vemos o desprezo pelo que não é esse povo, a rejeição das virtudes mantidas por uma elite burocrática e esclarecida. E, ainda que eu celebre questionamentos ao elitismo como um processo natural e saudável pelo qual as sociedades devem passar, eu também fico preocupado pelo potencial do amplo desprezo à competência profissional e às instituições que recebe uma justificação espiritual e ideológica por meio do tradicionalismo. Quando você questiona aonde essa ideologia está nos levando, é nisto que penso primeiro: a tendência antiestablishment comum aos movimentos populistas agora tem uma incumbência divina entre um setor de influenciadores de alto nível que estão operando com grande fervor. Políticas educacionais são assunto de grande interesse para os seguidores de Olavo de Carvalho que possuem relevância política. Eles afirmam que as instituições brasileiras, sobretudo as de área da cultura e educação, foram infiltradas por pessoas que defendem (conscientemente ou não) valores comunistas como parte de uma estratégia que remonta ao pensamento do filósofo italiano Antonio Gramsci. Na visão deles, essa suposta infiltração é parte de uma estratégia global para a implantação do comunismo, que o movimento comunista internacional adotou após ter desistido da chamada luta armada de guerrilhas. Olavo se alinha também a uma visão do chamado populismo de direita de que há um establishment cosmopolita tentando implantar um suposto “governo mundial” sobreposto às soberanias nacionais que também defende valores a que os tradicionalistas parecem se opor. Que tipo de políticas educacionais pode resultar desses elementos? Eu nunca discuti políticas educacionais a fundo com nenhum dos principais personagens do meu livro, mas perspectivas tradicionalistas podem interagir com a pauta da educação de múltiplas maneiras. Primeiramente, a maioria dos tradicionalistas sustenta que os valores mais em voga na sociedade hoje são exatamente o oposto do que deveriam ser – alguns chamam isso de inversão e veem isso como uma consequência da nossa vida em uma era sombria onde tudo está fora de ordem. Isso significa, além de outros aspectos, que instituições e a própria credibilidade dada a elas devem estar sob suspeita: médicos prejudicam em vez de curar, a mídia desinforma, políticos trabalham contra o interesse da população que representam, artistas criam feiura e se afastam de um ideal de beleza. Com certeza, isso pode levar alguém a desprezar o atual sistema de educação e saudar qualquer esforço de desmontá-lo completamente. Em segundo lugar – e isso também está ligado à noção de que nós vivemos em uma era de inversão onde nada é como deveria ser –, tradicionalistas tendem a desprezar meios convencionais de mudança política. Se há um consenso na sociedade – e é propagado a cidadãos de nações democráticas que eles podem alterar suas respectivas realidades políticas por meio da participação no processo democrático –, isso provavelmente é uma mentira. A noção de que mudanças políticas vêm, não por meio de partidos, políticos, e votações, mas em vez disso secretamente, por meio da cultura, é algo que pode unir alguém inspirado pelo tradicionalismo e o neomarxismo de alguém como Antonio Gramsci, que disse que a cultura, mais além do que meras relações materiais, pode ser a força política das mudanças, e por isso eles querem se opor a isso. A produção de canais alternativos de educação e política educacional, que Dugin e Olavo têm e Bannon aspira a ter, é uma forma não convencional de estimular mudanças políticas. Finalmente, devemos atentar que o globalismo de qualquer espécie tende a ser desprezado pelo tradicionalismo. Um dos traços do declínio que vivemos, de acordo com essa filosofia, é a homogeneização da sociedade. Para alguns, isso significa a perda da hierarquia e o nivelamento igualitário de tudo de acordo com o mínimo denominador comum da sociedade. Para outros, homogeneização ocorre em uma dimensão mais horizontal do que vertical, com a erradicação de fronteiras separando diferentes comunidades, nações e civilizações e tudo se integra numa Nova Ordem Mundial. Para Aleksandr Dugin, o liberalismo ocidental é a força globalizante mais ameaçadora; para Olavo, é o comunismo. De fato, junto a críticas ao secularismo e ao materialismo, o medo da globalização é uma característica que distingue os oponentes do comunismo inspirados pelo tradicionalismo. Tudo isso se emaranha nas críticas de Olavo às instituições educacionais no Brasil: ele sustenta que seus oponentes marxistas corretamente compreenderam um dos reais núcleos de mudança na sociedade (a cultura, que é produzida, entre outros espaços, nas escolas), e estão usando essas instituições para espalhar os valores materialistas e seculares do globalismo. Você escreveu, referindo-se à trajetória de Olavo de Carvalho, a seguinte afirmação: “O líder da tariqa [seita esotérica muçulmana] e o caubói armado da área rural da Virgínia – não eram somente a mesma pessoa, mas talvez a mesma persona”. Você poderia explicar um pouco melhor essa ideia? Quando você analisa a biografia de Olavo, pode aparentar que ele tenha alternado identidades bastante diferentes, sendo um tipo de pessoa um dia e outro tipo completamente diferente de pessoa no dia seguinte. Mas, quando eu analisei as duas identidades que eu estudei mais a fundo para o meu livro – o filósofo esotérico que liderou uma tariqa sufista e o Olavo que agora é um guerreiro das mídias sociais lutando por um presidente populista –, eu me impressionei com o quanto essas identidades eram semelhantes, apesar do fato de que elas aparentam ter uma imagem diferente. Olavo quis se definir como um dissidente e um outsider durante toda a sua vida. Ele rejeita o convencional em termos de intelectualismo, ciência, educação ou política – e, novamente, por que você não adotaria essa postura se você acredita que estamos vivendo em um mundo virado de cabeça para baixo, um mundo invertido? Isso é o que permanece constante em Olavo, esteja ele vestindo um turbante ou um chapéu de caubói. O desafio para tais figuras é, claro, como sustentar essa identidade como um dissidente quando você ascende ao poder e pode passar a ser visto como parte do establishment. Para colocar em termos tradicionalistas, se a sociedade passa a reconhecer você como fonte da verdade e do conhecimento, você não deveria também estar sob suspeita de estar espalhando mentiras e confusão? No livro, você descreve também uma tentativa de aproximação de Steve Bannon em direção a Aleksandr Dugin. Você diz que Bannon quer que Dugin abra mão de seu projeto eurasiano, de estabelecer a Rússia como líder de uma zona de influência entre a Ásia e Europa para opor-se ao domínio internacional dos Estados Unidos, para alinhar-se aos Estados Unidos geopoliticamente. Antes de assumir seu posto no Ministério de Relações Exteriores, Ernesto Araújo defendeu, em um texto intitulado “Trump e o Ocidente”, um pacto cristão entre Brasil, Rússia e Estados Unidos. Você avalia que Bannon conta com o Brasil como um aliado no seu projeto de convencimento de Dugin e da Rússia em direção a esse alinhamento com os EUA? Certamente. No mínimo, Bannon considera a ala de influência de Olavo no governo, por exemplo, nos ministérios de Relações Exteriores e da Educação, como aliados. Mas ele sabe, também, que não há um alinhamento das visões dele com o governo, e que, para trabalhar em direção a um rompimento entre Brasil e China, como Bannon também deseja, Araújo estará trabalhando contra uma ordem política e econômica profundamente arraigada no país. Mudar isso requer mais do que apenas um presidente – requer uma convulsão política e administrativa em Brasília, e também uma mudança de discurso político e sentimento popular no seu país. Isso pode explicar por que Araújo e Olavo possuem tamanha atração e apreço por Bannon. Eles não somente são favoráveis a uma visão política que ele compartilha, se empenham em campanhas culturais para alcançá-la; seja essa campanha perseguida por tuítes e vídeos de Olavo ou pelo ensaio de Araújo. Isso se alinha com o arsenal de estratégias de Bannon para a mudança política. Como Bannon quer mudar as relações entre China e Brasil? Ele não foi muito claro comigo nesse aspecto, mas ele certamente vem pressionando o Brasil a resistir à expansão de determinados interesses econômicos chineses, como a rede de 5G da Huawei, por exemplo. Mas ele também está tentando reforçar as vozes de gente como Ernesto Araújo, que quer enquadrar o Brasil como uma sociedade judaico-cristã e, portanto, uma sociedade deve ter suas alianças geopolíticas primárias com outras nações judaico-cristãs (um movimento que prioriza um aspecto espiritual sobre outros interesses materiais) em vez de países como a China com quem, supostamente, há pouca espiritualidade em comum. Qual a relação entre Bannon e Filipe Martins, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais? Eu não estou a par do que eles tratam entre si, mas Martins é, definitivamente, parte da rede Olavo-Bannon-Araújo, que se encontrou diversas vezes em Washington e Nova York. Ele esteve presente nos primeiros encontros entre Bannon e Eduardo Bolsonaro. Outro ponto de contato dessa rede no governo brasileiro parece agora ser Cesar Ranquetat Jr [nomeado por Ernesto Araújo no último dia 19 para a banca examinadora do Instituto Rio Branco]. Ele é um dos mais qualificados seguidores de Julius Évola [filósofo esotérico, escritor, pintor e poeta italiano do século 20] na América do Sul. Bannon permanece influente na Casa Branca mesmo depois de ter sido afastado do governo Trump? Se ele mantém influência na Casa Branca, como algumas coberturas recentes na mídia americana afirmam, será difícil de rastrear e confirmar. Essa influência se daria apenas através de canais privados e intermediários. No entanto, há muita gente o consultando, formal e informalmente, em Washington, e algumas dessas pessoas estão na Casa Branca, inclusive em posições consideráveis, ligados ao chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows. Em um artigo recente para o The Nation, você escreveu que a pandemia da Covid-19 poderia oferecer uma grande oportunidade aos tradicionalistas para consolidarem uma oposição firme ao chamado “consenso liberal” que emergiu no mundo desde o fim da Segunda Guerra Mundial, como o multilateralismo, a ascensão das organizações supranacionais, o individualismo, a globalização. Recentemente, nós vimos Trump anunciar, por exemplo, a retirada de financiamento da OMS. Como você acha que os tradicionalistas vão forçar essa pauta contra as instituições do mundo moderno após a pandemia? Que tipo de mundo você acha que eles querem? O que eles querem é um mundo menos integrado, um mundo dividido por fronteiras, instituições políticas e culturais de menor escala. Um mundo sem globalismos de qualquer tipo, em outras palavras. Para Dugin em particular, o surto de coronavírus é um possível meio de alcançar esse mundo. Da forma como ele avalia, nós estamos sendo punidos por estarmos globalmente conectados. O vírus está viajando pelos canais de comunicação globais, pelas viagens e trocas culturais globais, e está nos matando. Aqueles que vão sobreviver são aqueles que consigam escapar do globalismo, que consigam escapar desse movimento global e que se rendam ao valor das fronteiras. Olavo também tem falado sobre a globalização e sua relação com o vírus, mais especificamente referindo-se ao vírus como algo instigado pela China comunista. Ele também vem comentando a fraqueza da OMS. E, como você diria, o que eles têm em comum é a esperança de que, depois disso, os globalismos que ainda sobrevivem no mundo hoje – as organizações multilaterais, o capitalismo global, os esforços comunistas globais – sejam enfraquecidos. Como eles vão buscar essa agenda? Não está claro o que Olavo está fazendo, além de aproveitar a oportunidade de contestar a atuação da OMS – lembre-se da crítica tradicionalista à atuação e à expertise institucionalizada. Bannon está em modo de ataque contra o Partido Comunista Chinês, produzindo um podcast com alcance relativamente amplo sobre a pandemia. Ele avalia que o desafio trazido pelo vírus ao globalismo de maneira mais ampla não precisa ser estimulado, no entanto, já que convulsões desse tipo estão destinadas a acontecer e vão ocorrer independentemente das movimentações dos políticos. Dugin também pensa que a queda do globalismo é destino – que nós estamos vivendo no fim do que uma antiga profecia previu como uma era sombria – e que a destruição e a dor do nosso tempo nos guiarão até uma era de ouro. O coronavírus lhe parece um instrumento necessário para a destruição – dolorosa, mas com a promessa de salvação. E o que é o Bem e o Mal — o Ouro e as Trevas — na visão dos tradicionalistas? Eles consideram a sociedade mais virtuosa quando apresenta uma hierarquia indo-europeia de castas com uma pequena elite de Sacerdotes no topo de uma pirâmide, descendendo para uma casta de Guerreiros, para os Mercadores, e finalmente para uma massa de Escravos. A hierarquia fica intacta e a espiritualidade dos Sacerdotes reina na Era de Ouro. Na Era Sombria, o materialismo dos Escravos e Mercadores reina e a hierarquia em si se dissolve quando a humanidade é homogeneizada seguindo nossos ímpetos mais baixos. Nesta Era, mesmo as pessoas e as instituições que parecem pertencer a uma casta superior perdida (a Igreja, o Exército, etc.) são apenas miragens e fachadas escondendo os mesmos desejos materialistas que o restante da sociedade. O Tradicionalismo que se manifesta na política, em outras palavras, é uma visão envenenada para desacreditar o conhecimento e o profissionalismo institucionalizado, para interpretar a globalização, a democratização, e a igualdade como indicações proféticas de que estamos vivendo a Era Sombria, e para saudar a destruição da sociedade de massas e a ordem estabelecida como um meio para trazer de volta uma sociedade global mais segmentada — se não hierárquica — e espiritualizada. Créditos de imagens Reprodução/Colorado University Reprodução Youtube e Wikimedia Commons Reportagem originalmente publicada na Agência Pública
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segunda-feira, 29 de junho de 2020
Pesquisador americano analisa doutrina ideológica que une “gurus” de governos do Brasil, EUA e Rússia
sexta-feira, 26 de junho de 2020
O BRASIL SE ARMA
Opresidente Jair Bolsonaro vem facilitando o acesso a armas de fogo no Brasil. Liberou a compra de armas antes restritas a forças de segurança, aumentou o prazo de validade dos registros, ampliou o número de armas e munições permitidas para atiradores e caçadores, revogou portarias com regras para rastreamento e identificação de armamento. “Estou armando o povo porque não quero uma ditadura, não dá para segurar mais”, disse o presidente na reunião ministerial de 22 de abril, cuja gravação foi divulgada por ordem do Supremo Tribunal Federal. Os dados mostram que o objetivo do presidente está se concretizando. Entre janeiro e abril de 2020, foram registradas 48,3 mil novas armas no país, o maior número para esse período nos últimos anos. Seis de cada 10 estão nas mãos de cidadãos comuns. O =igualdades retrata o aumento do número de armas no Brasil.
De janeiro a abril de 2020, foram registradas 48,3 mil novas armas no Brasil. É o maior número já registrado nesse período do ano. Equivale a mais de três vezes a média de 2015 e 2019. E a seis vezes a média de 2010 a 2014.
A cada 100 pedidos de registro de novas armas este ano, apenas 1 foi negado.
Seis de cada 10 novas armas registradas em 2020 estão nas mãos de cidadãos. Outras 3 são de órgãos públicos e 1 de servidores públicos que têm prerrogativa de porte de arma devido à função que ocupam.
A cada 100 novas armas registradas por cidadãos este ano, 32 estão na Região Sul, 25 no Sudeste, 17 no Centro-Oeste, 15 no Nordeste e 11 no Norte.
Considerando o total de armas registradas por pessoas físicas nos últimos 10 anos, Santa Catarina é o estado mais armado do país. São 44 armas para cada 10 mil habitantes. É nove vezes a taxa de armas nas mãos de pessoas físicas de São Paulo, 5 por 10 mil habitantes.
A maior parte dessas armas são para posse, não para porte. Ou seja, seus proprietários não podem andar armados nas ruas. Para cada 1 porte de arma concedido este ano, foram registradas 18 novas armas.
Entre janeiro e abril deste ano, foram concedidas 1,2 mil autorizações de porte de arma para defesa pessoal. É o maior número já registrado neste período do ano, pelo menos desde 2009, quando começam os dados. Para cada 3 novos portes de arma para defesa pessoal entre janeiro e abril do ano passado, foram concedidos outros 5 em 2020.
Fonte: Dados do Sistema Nacional de Armas fornecidos pela Lei de Acesso à Informação, Fiquem Sabendo, Instituto Sou da Paz.
AMANDA ROSSI (siga @amanda_rossi no Twitter)
Jornalista, trabalhou na BBC, TV Globo e Estadão, e é autora do livro Moçambique, o Brasil é aqui
RENATA BUONO (siga @revistapiaui no Twitter)
Renata Buono é designer e diretora do estúdio BuonoDisegno
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Some scientists suspect that Covid-19 causes respiratory failure and death not through damage to the lungs, but the brain
For Julie Helms, it started with a handful of patients admitted to her intensive care unit at Strasbourg University Hospital in northeast France in early March 2020. Within days, every single patient in the ICU had Covid-19 – and it was not just their breathing difficulties that alarmed her.
“They were extremely agitated, and many had neurological problems – mainly confusion and delirium,” she says. “We are used to having some patients in the ICU who are agitated and require sedation, but this was completely abnormal. It has been very scary, especially because many of the people we treated were very young – many in their 30s and 40s, even an 18-year-old.”
Helms and her colleagues published a small study in the New England Journal of Medicine documenting the neurological symptoms in their Covid-19 patients, ranging from cognitive difficulties to confusion. All are signs of “encephalopathy” (the general term for damage to the brain) – a trend that researchers in Wuhan had noticed in coronavirus patients there in February.
Now, more than 300 studies from around the world have found a prevalence of neurological abnormalities in Covid-19 patients, including mild symptoms like headaches, loss of smell (anosmia) and tingling sensations (arcoparasthesia), up to more severe outcomes such as aphasia (inability to speak), strokes and seizures. This is in addition to recent findings that the virus, which has been largely considered to be a respiratory disease, can also wreak havoc on the kidneys, liver, heart, and just about every organ system in the body.
Technicians research Covid-19 at a lab in Buenos Aires, Argentina; more than 300 studies have found neurological abnormalities in Covid-19 patients (Credit: Getty Images)
“We don’t know yet if the encephalopathy is more severe with Covid-19 than with other viruses, but I can tell you we’ve been seeing quite a lot of it,” says neurologist Elissa Fory of the Henry Ford Foundation in Detroit, Michigan. “As the number of cases increases, you will start to see not only the common manifestations but also the uncommon manifestations – and we’re seeing them all at once, which is not something any of us have encountered in our lifetimes.”
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Estimates of exact prevalence vary, but it seems that roughly 50% of patients diagnosed with Sars-CoV-2 – the virus responsible for causing the illness Covid-19 – have experienced neurological problems.
The extent and severity of these neurological issues has flown largely under the radar. Most people, including physicians, may not recognise neurological abnormalities for what they are when they appear – someone experiencing a seizure may simply look dazed, without any trembling or shaking. With its beeping machinery, sedative drugs and bed-bound isolation, an ICU environment can exacerbate and induce delirium, confounding our ability to link any symptom to the virus.
Further complicating matters, many people suffering from the effects of Sars-CoV-2 are never actually tested for the virus, especially if they do not exhibit a cough or fever. It means that if they have neurological symptoms, we may never know if this was linked to Sars-CoV-2.
A medical worker collects a sample to test for Covid-19 in New Delhi; many people who have the virus are never tested (Credit: Reuters)
“In fact, there is a significant percentage of Covid-19 patients whose only symptom is confusion” – they don't have a cough or fatigue, says Robert Stevens, associate professor of anaesthesiology and critical care medicine at Johns Hopkins Medicine in Baltimore, Maryland.
“We are facing a secondary pandemic of neurological disease.”
A different disease
Since the start of the pandemic, it has become increasingly clear that Sars-CoV-2 is not just a turbo-charged version of the virus that causes the common cold: it has a number of quirky, unusual and sometimes terrifying traits.
For example, most viral pandemics (including influenza) have a “U shaped” mortality curve, killing the very young and the very old. But Sars-CoV-2 typically only causes mild symptoms in children. The novel coronavirus also disproportionately affects men: up to 70% of people admitted to ICUs worldwide have been male, though men and women have been infected at equal rates. (Read more about how Covid-19 affects men and women differently).
Sars-CoV-2 has some unusual traits – including that, unlike other viral pandemics, it typically causes only mild symptoms in children (Credit: Ai Aung Main/AFP via Getty Images)
“Happy hypoxia” is another mystery. Our blood normally features “oxygen saturation” levels of around 98%. Anything below 85% should lead to a loss of consciousness, coma or even death. But a large number of Covid-19 patients have been found to have oxygen saturation levels below 70%, even below 60%, yet remained fully conscious and cognitively functional.
Then there’s the fact that an enormous percentage of people who carry the virus have no symptoms. Estimates vary, but one mass-testing report from Iceland found that fully 50% of the population who carried the virus expressed no symptoms whatsoever.
Perhaps most unnerving: while about 80% of people who develop Covid-19 shake off the virus easily, a small percentage quickly worsen and within days die from respiratory weakness and multi-system organ failure. Many of these patients are elderly or have particular underlying health conditions, but not all.
We’ve now learned that the disease affects many different organ systems: patients can die not only from lung failure, but also kidney failure, blood clots, liver abnormalities, and neurological manifestations – Robert Stevens
“If we have learned anything over the past couple of months, it is that this disease, Covid-19, is extremely heterogeneous in presentation,” says Stevens. “We’ve now learned that the disease affects many different organ systems: patients can die not only from lung failure, but also kidney failure, blood clots, liver abnormalities, and neurological manifestations.
“I’ve had patients in the ICU recover in two to three days. I’ve got others who have been in hospital now for months.”
Medical workers care for a Covid-19 patient in Porto Alegre, Brazil; some patients recover in two days, while others take months (Credit: Reuters)
There are other quirks that Stevens has noticed but cannot explain. “Covid-19 patients seem to have a lack of sensitivity to the drugs we normally use – we’ve had to use five to 10 times the amount of drugs for sedation that we would normally use,” he says.
Virologists will spend years trying to understand the biomechanics of this invader. And though researchers have scrutinised the virus and its victims for six months, publishing scientific studies at a rate never before seen with any disease, we still have more questions than answers. The newest to be added is: can the virus infect the brain?
Brain symptoms
Most researchers believe the neurological effect of the virus are an indirect result of either oxygen starvation to the brain (the “happy hypoxia” exhibited by many patients), or the byproduct of the body’s inflammatory response (the famed “cytokine storm”). Both Fory and Helms believe the neurological effects are “cytokine-mediated”.
Others aren’t so certain: evidence is starting to accumulate demonstrating that the virus can actually invade the brain itself.
If you had asked me a month ago if there was any published evidence that Sars-CoV-2 could cross the blood-brain barrier, I would have said no. But there are now many reports showing that it absolutely can – Stevens
“If you had asked me a month ago if there was any published evidence that Sars-CoV-2 could cross the blood-brain barrier, I would have said no – but there are now many reports showing that it absolutely can,” says Stevens.
In Japan, researchers reported the case of a 24-year-old man who was found unconscious on the floor in a pool of his own vomit. He experienced generalised seizures while being rushed to hospital. An MRI scan of his brain revealed acute signs of viral meningitis (inflammation of the brain), and a lumbar puncture detected Sars-CoV-2 in his cerebrospinal fluid. Chinese researchers also found traces of the virus in the cerebrospinal fluid of a 56-year-old male patient suffering from severe encephalitis. And in a post-mortem examination of a Covid-19 patient in Italy, researchers detected viral particles in the endothelial cells lining the blood vessels of the brain itself. In some countries such as France, autopsies of Covid-19 patients are highly restricted (or outright banned), making the Italian finding all the more important – and concerning.
In fact, some scientists now suspect that the virus causes respiratory failure and death not through damage to the lungs but through damage to the brainstem, the command centre that ensures we continue to breathe even when unconscious.
Radiology staff attend a patient being scanned to produce a MRI of their brain (Credit: Science Photo Library)
The brain is normally shielded from infectious diseases by what is known as the “blood-brain barrier” – a lining of specialised cells inside the capillaries running through the brain and spinal cord. These block microbes and other toxic agents from infecting the brain.
If Sars-CoV-2 can cross this barrier, it suggests that not only can the virus get into the core of the central nervous system, but also that it may remain there, with the potential to return years down the line.
Though rare, this Lazarus-like behaviour is not unknown among viruses: the chickenpox virus Herpes zoster, for example, commonly infects the nerve cells in the spine, later reappearing in adulthood as shingles – roughly 30% of people who experienced chickenpox in childhood will develop shingles at some point in their lives.
The Herpes zoster virus, which causes chicken pox, later reactivates as shingles in nearly a third of people (Credit: Science Photo Library)
Other viruses have caused far more devastating long term impacts. One of the most notorious was the influenza virus responsible for the 1918 pandemic, which caused permanent and profound damage to the dopamine neurons of the brain and central nervous system. (While it’s long been assumed that influenza cannot cross the blood-brain barrier, some scientists now think that it can). An estimated five million people worldwide were hobbled by a form of extreme exhaustion known as “sleepy sickness” or “encephalitis lethargica”.
Among those who survived, many remained in a state of suspended animation. “They neither conveyed nor felt the feeling of life; they were as insubstantial as ghosts, and as passive as zombies,” wrote Oliver Sacks in his 1973 memoir Awakenings. He described patients remaining in this stupor for decades until being revived by the drug L-DOPA, replenishing levels of the neurotransmitter dopamine. (Read more about why the 1918 flu was so deadly).
David Nutt, professor of neuropsychopharmacology at Imperial College London, says he himself treated many patients in the 1970s and 1980s who had suffered from severe clinical depression ever since the 1957 influenza pandemic in the UK.
“Their depression was enduring and it was solid – it was if their emotional circuits had all been switched off,” he says, warning that we could see the very same thing happen again, but on a much larger scale. “People who are discharged from the ICU with Covid-19 need to be monitored systematically long-term for any evidence of neurological damage – and then given interventionist treatments if necessary.”
Doctors treat an influenza patient in New Orleans in 1918; some five million survivors of the pandemic experienced a long-term state of extreme exhaustion (Credit: Getty Images)
Patients who exhibit symptoms should be moved into interventional trials, such as of selective serotonin reuptake inhibitors (SSRI) anti-depressants or beta interferons (naturally-occurring proteins often administered as drugs for conditions such as multiple sclerosis) to mitigate the damage and prevent further long-term effects. But this simply isn’t being done, he says: “What really bugs me is that every health trust in the UK is looking at the symptoms of Covid – but nobody is looking at the neurological mechanisms, such as the amount of serotonin in the brain.”
Nutt plans to enroll 20 Covid-19 patients who developed depression or another neuro-psychiatric condition into a study that will use Imperial’s state-of-the-art PET scanners to look for signs of brain inflammation or abnormalities in neurotransmitter levels.
In Baltimore, Stevens is also planning a long-term study on Covid-19 patients discharged from the ICU, which will also conduct brain scans as well as detailed cognitive tests on functions such as memory capacity.
And in Pittsburgh, through the Global Consortium Study of Neurological Dysfunction in Covid-19, Sherry Chou, a neurologist at the University of Pittsburgh, has coordinated scientists from 17 countries to collectively monitor the neurological symptoms of the pandemic, including through brain scans.
The virus’s impact on the nervous system could be far larger and more devastating than its impact on the lungs
Although the virus’s impact on the lungs is the most immediate and terrifying threat, the lasting impact on the nervous system be far larger and far more devastating, says Chou.
“Even though neurological symptoms are less common in Covid-19 than lung problems, recovery from neurological injuries is often incomplete and can take much longer compared to other organ systems (for example, lung), and therefore result in much greater overall disability, and possibly more death,” she says.
Neurological symptoms are less common among Covid-19 patients than lung problems, but recovery from these symptoms can take longer (Credit: Reuters/Remo Casilli)
In France, Helms knows better than almost anyone how intense the neurological impacts can be. We needed to delay her interview with the BBC after one of her Covid-19 patients – who was discharged from the hospital two months ago, but is still suffering from viral fatigue and severe depression – required urgent consultation for suicidal risk. And that patient is not unique – she has seen many people in similar states of distress.
“She is confused, she cannot walk, and she just wants to die, it’s really awful,” says Helms. “She’s only 60, but she has said to me ‘Covid has killed me’ – meaning it has killed her brain. She just doesn’t want anything more in life.
“This has been especially difficult because we don’t know how to prevent this damage in the first place. We just don’t have any treatments that will prevent any damage to the brain.”
Patients experiencing lung failure can be put on a respirator, and kidneys can be rescued with a dialysis machine – and, with some luck, both organs will bounce back. But there is no dialysis machine for the brain.
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