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Desenhamos fatos sobre a desinfecção do coronavírus
3 de abril de 2020, 13h18
Após cerca de três meses de disseminação e mais de 1 milhão de casos confirmados no mundo, os cientistas ainda buscam informações sobre o novo coronavírus. Uma das dúvidas que pairam é sobre seu tempo de permanência em superfícies: apesar de estudos preliminares indicarem que o Sars-CoV-2 persiste ativo por horas ou dias, dependendo do material, não se pode precisar exatamente qual o potencial de infecção do vírus em cada um deles.
Apesar da falta de consenso em alguns pontos, a OMS (Organização Mundial da Saúde) e outras autoridades sanitárias já reúnem uma série de diretrizes básicas de higiene para a prevenção da Covid-19 dentro e fora de casa. O Aos Fatos reuniu as principais dessas orientações e consultou especialistas para explicar o que se pode fazer para desinfectar alimentos, embalagens e roupas.
Superfícies. Em artigo publicado no The New England Journal of Medicine no dia 17 de março, pesquisadores apontaram que, apesar de o novo coronavírus não perdurar muito tempo no ar, ele parece sobreviver mais de 72 horas em superfícies lisas, como plástico e aço inoxidável. Essa informação, no entanto, deve ser interpretada com cautela. Conforme explica o pesquisador do Instituto de Química da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Gildo Girotto, “os dados foram obtidos em laboratório e, portanto, os valores podem variar em cenários fora dele. Deste modo, cravar um tempo para cada superfície é algo não coerente”.
Isso, no entanto, não muda o fato de que uma importante medida de prevenção contra a Covid-19 é a higiene e a desinfecção de superfícies, principalmente as muito tocadas, como maçanetas, interruptores, mesas e bancadas. Ainda que o foco principal sejam os cômodos onde as pessoas que chegam da rua mais circulam, a recomendação é deixar toda a residência sempre higienizada.
O Ministério da Saúde indica uma solução de água sanitária com uma parte do produto para cada nove partes de água para a desinfecção doméstica de superfícies. Quando isso não for possível, podem ser usados outros produtos de limpeza, como desinfetantes específicos para cada material ou álcool líquido com teor entre 70% e 90%.
O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) alerta que limpeza e desinfecção são coisas diferentes: na primeira, são retiradas sujeiras visíveis das superfícies; na segunda, são usados produtos para matar germes. De acordo com o centro, a desinfecção é mais eficiente quando é feita em superfícies limpas. Por isso, certifique-se que não há nenhuma sujeira (poeira, pêlos, etc) no local, que pode ser previamente limpo com com água e sabão ou detergente antes da desinfecção.
É importante lembrar que os produtos de limpeza usados nesse processo devem estar regulamentados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Aqui é possível verificar a lista de todas as marcas certificadas.
Adriano Andricopulo, professor de química medicinal e planejamento de fármacos da USP (Universidade de São Paulo), aponta que, além da limpeza dos cômodos, é preciso levar em consideração fatores como o tamanho e a ventilação do ambiente. “Sempre que possível, melhore a ventilação, principalmente onde um caso suspeito ou familiar doente estiver isolado. Este procedimento reduzirá o tempo para remoção das gotículas respiratórias do ar”, explica.
Roupas e sapatos. “Qualquer pessoa que chegue de ambientes externos à residência ou ao local de confinamento deve colocar as roupas para lavar”, alerta Girotto, uma vez que não é possível saber se você teve contato com uma pessoa infectada na rua.
O Ministério da Saúde recomenda lavar as roupas com sabão e detergente próprios para os tecidos.
Outras duas medidas de prevenção apontadas pelo CDC, são evitar sacudir roupas sujas, porque isso pode espalhar o vírus pelo ar, e lavá-las na água mais quente possível e apropriada para cada tecido.
É importante lembrar também que as roupas de uma pessoa que esteja com sintomas de Covid-19, incluindo as de cama e toalhas, devem ser lavadas separadas das dos demais moradores da residência. O Ministério da Saúde recomenda até que a roupa suja de doentes sejam armazenadas em sacos plásticos descartáveis caso não seja possível lavá-la imediatamente.
As orientações para os sapatos são as mesmas: devem ser usados produtos de desinfecção apropriados para cada material. Andricopulo recomenda que as pessoas, sempre que possível, retirem os calçados antes de entrar em casa.
Alimentos. Para auxiliar as pessoas a se alimentarem de maneira saudável durante o período de isolamento social, a Asbran (Associação Brasileira de Nutrição) publicou um guia com dicas de limpeza e armazenamento de alimentos.
Antes de guardar frutas ou legumes na geladeira, retire-os das embalagens e higienize com água e sabão ou a mesma solução de água sanitária citada anteriormente. Também é importante que os alimentos já estejam totalmente secos ao serem guardados.
Conforme explica Andricopulo, o risco de contaminação do Sars-CoV-2 por meio de manuseio e consumo de alimentos é considerado baixo até o momento. “Por isso, não devemos deixar de consumir frutas e vegetais frescos, pois trazem benefícios nutricionais que ajudam na manutenção da saúde”, disse ao Aos Fatos.
Embalagens. Quando o alimento vier embalado, retire o produto e descarte o invólucro. Quando isso não for possível, desinfete a embalagem antes de armazená-la. O recomendado pela Asbran é a limpeza com água e sabão e a desinfecção com álcool líquido ou solução clorada. Girotto indica especialmente o álcool para as superfícies porosas (como papelão): “Isso não tem a ver com o vírus, mas sim com o fato de que lavar com água pode estragar a embalagem”.
Segundo Andricopulo, o ideal é utilizar o papel toalha descartável para a limpeza das embalagens e superfícies. Caso a pessoa opte por panos, o pesquisador recomenda que, logo após a higienização, o tecido seja lavado em máquina com água quente.
E sempre lave as mãos. Após qualquer uma das limpezas apontadas acima, lave bem as mãos com água e sabão ou álcool em gel 70. Essa é a terceira HQ na qual Aos Fatos faz a mesma recomendação, mas a higienização das mãos ainda é uma das medidas de prevenção mais importantes apontadas pelas autoridades de saúde.
Após a lavagem, evite tocar diretamente na torneira e na maçaneta da porta do banheiro. Use uma toalha de papel para proteger as suas mãos do contato com as superfícies e o descarte em seguida.
Referências:
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