Na indústria cinematográfica, os documentários de arte ganham espaço entre um público interessado em uma ter uma visão mais intimista do universo particular de um artista e suas obras.
Fugindo da videografia básica do gênero, que inclui O Mistério de Picasso(1956), Caverna dos Sonhos Esquecidos(2010) entre outros, selecionamos 5 documentários de arte lançados nesta década sobre temas, estilos e artistas variados, porém todos com uma mesma semelhança — são indispensáveis para apaixonados por arte.
CRAVOS
2018
direção – Marco Del Fiol
Uma família, três gerações de artistas; Mário Cravo Junior, parte da primeira geração do modernismo baiano; seu filho, Mário Cravo Neto, renomado fotógrafo e escultor brasileiro; Christian Cravo, filho de Cravo Neto e fotógrafo em ascensão. Entre arquivos familiares e declarações filosóficas dos artistas, a produção brasileira é assinada por Marco Del Fiol, diretor de Espaço Além: Marina Abramovic e o Brasil.
Onde assistir — O filme segue sendo exibido em mostras e festivais nacionais e internacionais, sem data de lançamento digital prevista.
Matangi/Maya/M.I.A.
2018
direção – Steve Loveridge
Aclamado no Festival Berlim e pela imprensa internacional, o documentário dirigido por Steve Loveridge, contém mais de 20 anos de gravações pessoais e inéditas de Matangi Maya Arapulgrasm (M.I.A), multiartista e ativista tâmil. Não poupando contrastes, as cenas atravessam a vida da artista, o que inclui a guerra civil no Sri Lanka, o palco do Oscar e o Super Bowl. O filme estabelece uma ligação metalinguística com a vida de Maya; não separando a nenhum momento Arte e Política, tal qual sua carreira. Indispensável para se pensar a relação entre estes dois pontos nos dias de hoje.
direção – Rick Barnes, Olivia Neergaard-Holm, Jon Nguyen
Em tom biópico, o documentário amálgama a vida e obra do multiartista David Lynch, conhecido por filmes como Eraserhead, O Homem Elefante e a série Twin Peaks. Com ênfase em suas obras enquanto artista visual, o registro contém longos depoimentos, onde Lynch revela de forma intimista seu fascínio pela memória e o imaginário.
Dirigido por Irek Dobrowolski, a produção original da Netflix explora a vida e obra de Stanislaw Szukalski, artista polonês radicado nos Estados Unidos. Famoso por lidar com os mitos de origem, Stanislaw fundou a pseudociência do Zermatismo, o que exerceu bastante influência em seus trabalhos, outros temas recorrentes em suas produções estão relacionados com a história e a mitologia da Polônia.
Documentário ou Mocumentário? A questão ainda perdura por se tratar de Banksy. Indicado ao Oscar e dirigido pelo próprio artista, a produção britânica trata de questões mercadológicas em tom descontraído. Representado pelo caso de Mr. Brainwash, pseudônimo de Thierry Guetta, ex-dono de brechó e aficionado por street art que se tornou conhecido em todo mundo assinando trabalhos para Madonna, Michael Jackson, Coca Cola e Mercedes-Benz, o longa traz uma crítica dúbia a indústria da arte e a artistas gerados pelo poder de especulação, ao mesmo tempo que propõe uma reflexão sobre o comportamento do artista, não nutrindo o blasé acadêmico de praxe no cubo branco.
Onde assistir — O filme está disponível em mídias variadas e no YouTube.
Matheus Gouthier — Artista audiovisual e jornalista cultural, pesquisa a direção de arte enquanto elo de expressões distintas; o kitsch e a apropriação em todas suas formas.
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