Nefastos
Por Filipi Amorim
Em meio a projeções assustadoras,
somadas a resultados desastrosos no mundo todo em decorrência da Covid-19, o
Presidente da República pronunciou-se em 24/03. Sua fala não surpreendeu: trata-se
daquele que, enquanto candidato, fazia “arminha” com a mão; fugia de debates;
não apresentava propostas; atacava povos originários, negros, mulheres,
comunidade LGBT+. É aquele que exaltou um torturador como se fosse herói. Um político
irrelevante em seus mandatos (de 1991 a 2018), eleito como líder do Executivo
falando em “mamadeira de piroca”.
No
pronunciamento, repetidos e fundamentais elementos que sustentam o bolsonarismo:
pauta antidemocrática, negacionismo, autoritarismo liberal, reacionarismo
cristão e Fake News. Não apresentou estratégias ao combate da pandemia; atacou
a imprensa; mentiu sobre o tratamento da Covid-19 com cloroquina (não há nada
comprovado); e sequer solidarizou-se às famílias e vítimas (mais de 60, número
que subirá até a publicação desta edição). O pronunciamento revela outras faces
do bolsonarismo: o desejo de mostrar-se forte, superior, inatingível por uma
“gripezinha”, esconde uma masculinidade frágil ao reivindicar um “histórico de
atleta”. O argumento equivale à eugenia, faz coro a empresários que defendem,
com inacreditável serenidade, que voltemos à “normalidade”: morrerão apenas
idosos e pessoas acometidas por enfermidades. Aliás, o Pastor Silas Malafaia,
aliado do Presidente (ambos defendem a abertura de templos e igrejas), chegou a
dizer que morreram só cinco pessoas com menos de 50 anos na Itália. Além de
errado, demonstra profundo descaso pelas mais de 7500 pessoas com mais de 50
anos que morreram na Itália.
Estamos
diante de uma política da morte: em nome da “economia”, querem escolher quem
deve e quem não deve morrer. Você acha que não? Então, imagine-se contaminado
pelo Coronavírus, voltando para casa, encontrando seus familiares. Você os
contaminará. O nosso Sistema Único de Saúde – SUS, atacado incansavelmente pelo
mesmo grupo de empresários que prega “salvar a economia”, entrará em colapso:
não tem condições de tratar e cuidar o alto número de infectados, como acontece
em países que não adotaram o isolamento.
Pela via democrática, os nossos representantes
são eleitos para que pensem, projetem e articulem formas dignas de se viver em
comunidade. Se o governo não se preocupa com a saúde da população, não cumpre
seu papel na democracia. Logo, é inútil. Não se separa economia e saúde. É hora
de defendermos o SUS, reivindicarmos políticas de bem-estar social, renda
mínima aos trabalhadores enquanto durar a pandemia, escutarmos a Ciência e os
profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate ao Coronavírus.
A política da morte, que é defendida por Jair Bolsonaro e empresários
bajuladores, quer o lucro ao custo da nossa saúde. São aves de rapina que
rondam a nossa morte: nefastos!
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