É tarde! É tarde! Eu tenho pressa!
Desde que troquei o ócio pelo negócio, confesso que adorei as promessas do "Time is Money" e passei a viver correndo, sempre cada vez mais rápido. Mais! Mais! Quero mais! Isso é demais!
Mesmo sem saber por que ter tanta pressa por ter tanta Coisa...
Mas você tem seu próprio ritmo. A pouco menos de 200 anos, um de nós simplesmente assim entendeu.
"Adote o ritmo da Natureza. Seu segredo é a paciência", disse Ralph Waldo Emerson. Isso não é capricho. É Simplicidade. Longe das Coisas, perto da Vida. Simples assim.
Agora te vejo doente, exaurida. Febril, encharcada de suor e com a imunidade baixa, perto do colapso.
Acostumada ao vagar, lento, muito lento (irritantemente lento), te forcei a acelerar para me acompanhar. E veja só, mal começou a correr, não deu conta, já precisou parar...
E assim fomos obrigados a parar. Não é que quiséssemos! É porque fomos forçados a parar, porque para correr rápido como queremos, precisamos de você. E muito.
Mas ainda bem que você precisou parar para descansar. Porque na verdade, o teu ritmo é o ritmo saudável. Sustentável. É o ritmo paciente que leva longe.
Se vamos desacelerar? Não sei. Acho que não. Somos impacientes demais. E para nos proteger, tivemos que ficar confinados. Mais perto das Coisas, mais longe da Vida.
Parados, mas confinados; não sei se poderemos ver que agora onde havia pressa, o céu está mais limpo, a água está mais limpa. Não sei se poderemos ouvir os sons da Vida que estavam abafados pelo barulho das máquinas.
Parados, mas confinados; o real nos projetou ao virtual, salvos e encantados pela tecnologia, que nos permite seguir nossas rotinas, à distância.
Pacientes, agora entre nós, não são os que adotaram o teu ritmo. São os que lotam os hospitais, enfermos como você.
E nós, ultrapassados pela própria pressa, observaremos à distância, que o mundo das Coisas é o mundo de Thanatos, e o mundo da Vida é Eros.
Talvez agora tenha sido tarde, tarde demais.
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