Download PDF

Estudantes no Rio protestam para que sociedade aja para deter o aquecimento global. Foto: Marcio Isensee e Sá.
Mais 1 milhão de crianças e jovens foram às ruas em 120 países para pressionar líderes políticos e empresariais a agirem para evitar que as mudanças climáticas afetem gravemente o futuro deles. A greve global de estudantes pelo clima mobilizou também pais e professores nesta sexta-feira (15). No Rio de Janeiro, a greve foi na frente da Assembleia Legislativa (Alerj). 
O movimento de greve escolar é liderado pela jovem sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que em uma sexta-feira de agosto do ano passado começou a protestar sozinha em frente ao parlamento sueco, em Estocolmo. Naquele dia, ela faltou à aula e levou seu cartaz explicativo “em greve escolar pelo clima”, deflagrando o movimento chamado de Fridays for Future [Sextas pelo Futuro], que culminou nesta sexta-feira em greves em mais de 120 países. O número de quantas pessoas participaram ainda está sendo apurado. 
A greve escolar no Rio foi articulada pela Priscilla Gouvas, Milena Batista, Nayara Almeida e pelo Carlos Victor Dourado e contou com o apoio da ONG de jovens Engajamundo. Cerca de 40 estudantes do ensino médio e superior participaram do evento. Priscilla, de 22 anos,  explicou que resolveu organizar a greve depois de ler uma matéria com críticas por não ter mobilização da juventude no Brasil. A estudante, que terminou ensino médio no tradicional Colégio Pedro II em 2018 e se prepara para o vestibular, abriu um evento no Facebook e começou daí a organizar a greve.

Estudantes foram às ruas dizer para os adultos que mudanças climáticas não é pauta secundária. Foto: Marcio Isensee e Sá.
Priscilla se diz inspirada pela jovem sueca Greta Thunberg. Foi assim também com a Milena, que cursa História na PUC e Gestão Ambiental na Estácio: "Ninguém esperava e chega ela com essa força! Dá um sentimento de que só uma pessoa pode fazer sim a diferença. A gente não pode ficar estagnada porque ninguém tá falando sobre isso. A gente tem que lutar. A questão de ela ser jovem é muito importante. Aqui a maioria dos ambientalistas é de gente mais velha, por isso é tão importante o exemplo da Greta. Ela traz esse sentimento de que a gente pode fazer alguma mesmo que seja uma pessoa ou sejam 30 pessoas."
Anna Clara, Noah e Marina, que estudam no Colégio São Vicente, um dos mais tradicionais do Rio, resolveram participar da greve porque não veem muita gente dando atenção para as mudanças climáticas e como o futuro será impactado. Concluíram que tinham que começar a agir. Conheceram a iniciativa da Greta, passaram a seguir ela nas redes sociais e vão propor no colégio que sejam feitas atividades para levar informações para todos os alunos.
A última eleição aflorou no Matheus Braga a vontade de fazer algo tanto para aprender quanto para mostrar a políticos e sociedade que tem gente querendo agir. Cursando Ciência Política na UniRio, Matheus ressaltou que a influência em se preocupar com meio ambiente foi por causa da escola. Ele fez ensino médio técnico e tinha uma professora que era a ambientalista. O que ela falava em sala de aula brotou um sentimento de urgência nele para a causa ambiental.
De acordo com a Embaixada da Suécia, até a véspera da greve global, estavam programadas 19 greves no Brasil. Já para os mobilizadores do Rio, estavam confirmadas 18 greves no país: Juazeiro do Norte (CE), Belo Horizonte, Florianópolis, Goiânia, Recife, Rio de Janeiro, Santa Maria (RS), Imbé (RS), São Paulo, Brasília, Confresa (MT), Francisco Beltrão (PR), Alta Floresta (MT), Natal, Pato Branco (PR), Aracaju, Jundiaí e Mogi das Cruzes.
O que os jovens que participaram da greve global pelo clima no Rio têm em comum é a escola, a sala de aula e os professores como fonte de informação. Greta é a inspiração. Escola, pais e professores podem tornar essa inspiração ainda mais potente e ganhar maior amplitude.
Como começou a greve de escola?

A jovem Greta Thunberg, que iniciou a greve escolar pelo clima. Foto: Anders Hellberg/Wikimedia.
O movimento global de greve escolar começou com a jovem sueca Greta Thunberg. Ela queria que os líderes de seu país agissem conforme a urgência e a gravidade das mudanças climáticas e passou a protestar toda sexta-feira, fazendo greve de escola. A iniciativa dela correu o mundo, crianças e jovens passaram a fazer greve às sextas também, até que o movimento se tornou global com a mobilização do 15 de março de 2019.
A maior mobilização global pelo clima já realizada
A ong 350 dot org divulgou em seu Twitter que ainda não é oficial, mas, que os números já indicam que a greve global realizada por crianças e jovens deve ser a maior ação pelo clima que já ocorreu até hoje. Em 2015, 785 mil pessoas; em 2014, 600 mil. Até as 20h da sexta 15: 1.4 milhão de estudantes, com seus pais e professores.
António Guterres, Secretário-geral da ONU, convocou para setembro em Nova York encontro emergencial sobre o clima em resposta às greves de hoje: "Minha geração não conseguiu responder adequadamente ao desafio dramático das mudanças climáticas. Isso é profundamente sentido pelos jovens. Não admira que estejam com raiva." O anúncio foi feito em artigo de Guterres, publicado no The Guardian enquanto a mobilização ainda estava em andamento [acesse aqui].
Veja a galeria sobre o evento no Rio: